sobre pessoas (e cachorros) que fazem a diferença.

7/26/20242 min read

1. olaf (2014-2023)

querido olaf, lembro até hoje da primeira vez em que te vi. lembro do seu rabinho balançando e de como você estava separado dos outros cachorros. lembro de você curando meus medos. de você deitado ao meu lado e das nossas sonecas no chão do meu quarto. lembro, também, da primeira vez que você ficou doente. eu chorava tanto. chorava no banho para ninguém me escutar. eu rezava, implorava e gritava para que alguém curasse você. e deu certo. você voltou para casa. você estava saudável e você estava feliz. você estava feliz e eu estava radiante. radiante porque você era minha vida. minha luz. meu amor…você foi meu primeiro amor! meu primeiro amor verdadeiro. meu primeiro amor incondicional e meu primeiro amor que valeu a pena. o tempo foi passando. eu e você fomos crescendo. fomos seguindo e fomos vivendo. você estava bem. tão bem. e, de repente, você ficou mal. tão mal. mas, apesar de tudo, você lutava. lutava todos os dias para não me deixar. e eu agradeço. agradeço tanto por isso, fito. desculpa ter implorado por mais tempo. no fundo, eu sei que você está em um lugar melhor. saiba que eu te amei de todas as formas: pequininho, adolescente, adulto e te amo, agora, como uma estrelinha. queria te falar, por fim, já sinto sua falta (a malia sente também), o 703 não é o mesmo sem você. descansa em paz e não esquece que, um dia, a gente se encontra de novo <3

2. ana.

modéstia à parte, minha mãe é a pessoa mais foda que eu conheço. em meus dezoito anos de vida, ela me ensinou muita coisa: funções orgânicas, raiz quadrada, idade média, cartografia e a me amar. minha mãe é uma espécie de professora particular no foco acadêmico e no viés pessoal. tinha uma época que, todo dia, eu entrava no quarto dela, mostrava a foto de alguma famosa super produzida e falava que eu queria ser exatamente daquele jeito. ela ria, levanta os olhos, me analisava e falava “luiza, nada disso é verdade. é tudo ângulo, luz, maquiagem e filtro. elas são lindas, mas na vida real nunca é igual. deixa de ser doida”. eu não entendia. ou melhor, não conseguia entender. mesmo que, no fundo, eu entendesse… até porque eu fazia igual: chorava se visse fotos minhas que não eram favoráveis a imagem que eu queria passar; eu ficava triste se a luz realçasse minhas estrias ou se o ângulo pegasse o lado direito do meu rosto. a verdade é que, apesar dos esforços da dona ana, eu me odiei por muito tempo. me odiei de verdade. odiei meu nariz. minha barriga. meu cabelo. e meu sorriso. me odiei porque segundo as pessoas “eu merecia me odiar”. eu me comparava com quem estivesse perto de mim. eu queria ser qualquer pessoa menos eu. hoje, pela primeira vez em muitos anos, eu me olhei no espelho e fiquei feliz por ser a luiza. a luiza que é filha da ana. novamente, minha mãe é foda. então é isso. a conclusão que eu cheguei é que ou ninguém é perfeito ou tudo mundo é. fim.