sobre os meses do ano.
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8/2/20255 min read


1. janeiro
nunca gostei do mês de janeiro. não sei exatamente o porquê. talvez seja por ele parecer longo demais. arrastado demais. triste demais.
em janeiro, o dia está sempre quente. insuportável. a chuva não cai. caem apenas duas coisas.
cai suor.
e caem lágrimas. minhas lágrimas. minhas lágrimas dolorosas. minhas lágrimas que, frente à seca, decidem vir para regar as plantas. para encher a piscina d’água e para fazer o chuveiro funcionar.
eu não gosto de janeiro. janeiro me faz sofrer. sofrer mais que o normal. janeiro me faz sofrer e janeiro me faz doer. mas, bom, acho que não tem muito o que eu possa fazer...
2. fevereiro
diferentemente de janeiro, desde que me lembro, sou apaixonada pelo mês de fevereiro.
em fevereiro, nasceram elas. elas que se chamam carol e gabi. elas que me fazem gargalhar e sorrir. elas que me apoiam e me amam. elas que prometeram nunca me abandonar. elas são minhas irmãs. uma é de sangue. a outra, de coração. mas, o que importa, de verdade, é que elas me trazem paz e me fazem me sentir sã. elas me fazem me sentir normal e me sentir especial.
espero que saibam, então, que sou grata. grata a elas.
grata por elas me fazerem perceber que, às vezes, mesmo vivendo na dor, é possível ser feliz. perceber que, até no sofrimento, há esperança. esperança de ficar bem. ficar bem para poder continuar ao lado delas.
3. março
março, para mim, traz consigo, cansaço.
cansaço.
cansaço e dor.
março é o mês em que as aulas voltam. o mês que me dá vontade de dormir. que me dá vontade, de certa forma, de ir. como já disse, de ir indo. ir indo para algum lugar. algum lugar que não é aqui.
é em março, então, que eu passo a encontrar, novamente, aqueles que eu não gosto. aqueles que já me fizeram sentir, sangrar e chorar. aqueles que me atacaram. que me destruíram. e aqueles que me humilharam.
não gosto de março. março me faz lembrar que estou viva. me faz lembrar que tenho uma vida. uma vida, a qual não gosto de ter.
março me faz apenas sofrer.
4. abril
muitas coisas ruins já me aconteceram em abril. abril já me fez sofrer e chorar. abril me ensinou que não se pode confiar em ninguém. que todos mentem.
abril me ensinou que ele não é ele. e que, aparentemente, eu não sou eu.
mas, apesar de tudo, abril me faz feliz.
abril, mesmo tendo me apresentado a solidão, me trouxe, também, meu primeiro amor e minha primeira paixão.
nunca sei o que esperar desse mês tão cheio de surpresas. tão cheio de mistérios.
penso que talvez abril me faça rir. ou talvez, mais uma vez, abril me faça querer ir.
não sei. resta aguardar.
independente, gosto de abril. gosto do dia primeiro e do dia trinta. isso porque gosto de sentir tudo aquilo que abril deseja que eu sinta.
5. maio
não tenho uma opinião formada sobre o mês de maio. por isso, então, não posso ousar afirmar que gosto, ou, ainda, que desgosto deste tal quinto mês do ano.
a verdade é que maio já me fez chorar. já me fez gritar e implorar. implorar por amor. para ser suficiente. para não ser abandonada.
maio, porém, já me fez sentir. já me fez superar e já me fez sorrir.
maio é um mês estranho. nunca sei o que esperar.
quem sabe ele me faça feliz? ou quem sabe ele me faça ter vontade de, aos poucos, te deixar.
6. junho
junho é um mês normal. comum. simples. sem nenhum “ademais” e sem nenhum “porém”.
junho não me traz dor. não ressuscita minhas mágoas. e nem me faz chorar enquanto encaro minha figura desajeitada. junho é fiel. junho é certo e junho não decepciona. junho é tímido e, honestamente, mal me emociona.
junho é junho. e eu agradeço por isso. por isso e por aquilo. pela paz e pelo silêncio.
7. julho
bom, é claro que a paz não seria eterna.
é por isso, então, que, quando junho desaparece, julho chega para me destruir. para me fazer sofrer e para me impossibilitar de sorrir.
julho não é legal. não é confortável e não é amigável. julho me lembra de que a vida, muitas vezes, é insuportável.
julho é mês de férias, mas não de se divertir. em julho, me fecho em meu quarto e escrevo sobre minhas dores até conseguir dormir.
julho não gosta de mim. e eu também não. não gosto de mim e não o gosto dele. talvez seja, exatamente, por saber que ele está certo. certo sobre mim. certos sobre eles. e certo sobre você. certo sobre minha necessidade de te deixar e certo sobre sua falta de vontade de querer me ter.
8. agosto
agosto, para mim, é o pior mês entre as doze “possíveis possibilidades”.
agosto, assim, humilha. agosto machuca e agosto não me coloca para cima.
agosto tem trinta e um dias. trinta e um dias tristes. trinta e um dias longos e escuros. trinta e um dias distantes entre si. dias que não passam. que trazem lágrimas. que trazem sangue e que trazem decepção. dias insuportáveis. dias terríveis.
sendo sincera, gostaria de poder pular. pular esse tal mês da dor. esse tal de agosto. esse tal de agosto que, todos os anos, somente me traz desgosto.
9. setembro.
setembro é um mês que me faz mal.
setembro é o mês em que o choro escorrega pela bochecha. em que as lágrimas ficam mais amargas e em que o coração dói um pouco mais que o normal.
setembro é humilde. é honesto. mas, mesmo assim, setembro não deixa de me derrubar. de me destruir. de me fazer perder a vontade de ficar.
10. outubro
dizem que outubro é o mês das bruxas. e talvez seja por isso que eu gosto tanto dele.
outubro enfeitiça. outubro passa voando e outubro me deixa menos irritadiça.
outubro traz paz, traz abraços e traz risadas sinceras. outubro, então, me faz esquecer de setembro. setembro, o qual é repleto de dias lutas e dias de guerra.
outubro tem magia. tem varinha e caldeirão. outubro é aquilo que todos os outros meses acham que são.
11. novembro
novembro é o mês da primavera. é o mês do sol e de ir para praia com a galera.
foi em novembro que eu nasci. foi em novembro que eu chorei pela primeira vez e foi em novembro que eu vivi.
novembro não guarda segredos. não te faz gritar. e não te faz pensar em como tudo, um dia, vai acabar. novembro é sincero. novembro é amigo e novembro é singelo.
considero, então, que novembro é um mês simples. um mês fácil. um mês que me faz lembrar que, às vezes, viver vale a pena. que me faz lembrar que nem tudo que eu vejo como drama é, de fato, uma cena.
12. dezembro
dezembro é o mês da ana. da ana que me faz feliz. da ana que me apoia e que me abraça. da ana que faz até o nada ter graça. dezembro é o mês da ana. da ana que, felizmente, é minha mãe.
e, modéstia à parte, minha mãe é a pessoa mais foda que eu conheço. em meus dezoito anos de vida, ela me ensinou muitas coisas: funções orgânicas, raiz quadrada, idade média, cartografia e a me amar. minha mãe, a ana, é uma espécie de professora. uma espécie de professora particular no foco acadêmico e no viés pessoal. uma professora que ensina o deprimido a ver o lado bom da vida. uma professora que discorre sobre a beleza do sol e da felicidade. a beleza de ser capaz de pular, correr e respirar. sobre a beleza. a beleza de viver, sorrir e de se conhecer.
é devido a isso, então, que eu amo dezembro. amo quando ele começa. amo o seu meio. e contínuo o amando. amando-o até ele acabar. amando-o até janeiro chegar.