sobre coisas e sentimentos ruins.
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8/2/20254 min read


1. superar
já escrevi sobre isso antes. já escrevi sobre essa tal impossibilidade minha de superar. já escrevi sobre minhas dores. sobre minhas dores causadas por você. causadas por eles. e por você novamente. já escrevi, porém, sigo escrevendo. não sei. acho que me ajuda. me ajuda a entender. entender o outro e entender a mim. entender o porquê de doer tanto. o porquê de a dor ser permanente. o porquê de ela não ir embora.
acho que a dor me ama.
talvez seja a única a sentir isso por mim. talvez, então, seja por isso que eu gosto tanto dela. por isso que eu sempre a procuro. por isso que não deixo a dita dor ir embora. ela está comigo. ela me abraça. ela me escuta e limpa minhas lágrimas.
ela faz aquilo que você não fez. aquilo que você não faz. é... talvez.
2. chorar
eu choro muito. choro bastante. e choro por qualquer coisa. não consigo me controlar. é algo sobrenatural. surreal. você fala e eu me ponho a chorar. não gosto. não tolero. não suporto. mas é a vida. a minha vida.
não é fácil. não me entendem. não sou levada a sério. sou emocionada demais. sensível demais. “luiza” demais. eu sei. eu sei. eu sei. sei de tudo isso e de tudo aquilo. temo, porém, que chorar, para mim, não se trata de uma simples escolha. as lágrimas são, então, a consequência natural de uma dor imensurável. dor essa que assombra meu peito. que aterroriza minha vida e que me faz sentir vergonha desse meu jeito imperfeito. diante disso, peço que não me julguem mais. chorar é difícil. chorar é um ato de resistência. um ato de resistência contra a minha dor invencível.
3. mudanças
eu já fui muito infeliz. infeliz comigo. infeliz com meu corpo. com a minha aparência. e com meu rosto meio torto.
por causa dessa infelicidade, então, eu fiquei ainda mais triste. mais em jejum. mais faminta. eu fiquei magra. eu fiquei magra e meu cabelo caía. eu fiquei magra e vivia cheia de machucados. eu desmaiava. desmaiava por tudo e desmaiava por nada.
eu era magra, mas não era saudável. eu comia gelatina ao invés de bolo. frango no lugar de uma boa batata frita. eu me batia, me privava e me perseguia. eu estava doente e não percebia.
hoje, porém, malhei de manhã e logo em seguida já comi macarrão. comi porque, depois de muito tempo, aprendi que nem sempre precisamos dizer não.
posso não ser mais a luiza que, um dia, sonhei em parecer. porém sou feliz. bom, ao menos mais do que eu era antes. e acho que, no fim, é isso que importa.
4. vício
desde pequena, sempre me disseram que nada em excesso faz bem, porém, infelizmente, nunca me ensinaram a ter moderação. e eu cresci assim. cresci pensando que quanto mais melhor. cresci sabendo que, em hipótese alguma, menos é mais. a compulsão alimentar veio com uns onze anos (junto dela veio, também, a depressão). a greve de fome chegou quando eu completei dezessete. lembro quando virei para minha mãe com lágrimas nos olhos e gritei “prefiro comer até morrer do que viver para sempre nesse corpo”. perdi vinte quilos, minha felicidade, minha autoestima e minha vontade de viver. mas não era o suficiente. eu não estava morrendo como eu queria. eu estava viva demais e isso não me agradava. então, dessa forma, surgiu o alcoolismo. meu fígado não gostou. ele implorou por ajuda. mas eu não ligava. eu queria partir. eu queria partir e ele queria desistir. tive apoio. tive amor e tive paz. larguei a bebida. meu fígado comemorou. mas aí veio você. veio você para foder meu coração, desconcertar minha cabeça e arrepiar os pelos do meu braço. você foi magia e foi pesadelo. você me salvou ao mesmo tempo em que me destruiu. você foi o vício mais imprevisível. mais doloroso. mais instigante. você conseguiu me transformar, me arruinar e me prender. me prender num cofre a sete chaves. sete chaves que pertenciam todas a você. você foi o meu maior vício. você foi o vício que me matou. e foi apenas quando morri que percebi o quanto eu gostava de estar viva. mas aí já era tarde.
5. me disseram
me disseram que meus textos, muitas vezes, são tristes demais. deprimentes demais. sensíveis demais.
me disseram que eu deveria tentar ser mais positiva. que eu deveria tentar escrever sobre coisas boas. sobre momentos felizes.
mas como?
como escrever sobre o sol, sobre as flores e sobre o mar quando, tudo o que faço, no dia a dia, é chorar?
como?
como escrever sobre isso e sobre aquilo se meus únicos textos bons são sobre os acontecimentos e as pessoas que eu abomino?
como? como? como?
como escrever sorrindo? como escrever sem chorar? sem gritar? eu não sei. gosto de me destruir. gosto de sofrer. gosto de morrer sem ter que, de fato, te deixar.
6. expectativas
não gosto de criar expectativas. não gosto de ser otimista. e não gosto de me decepcionar.
gosto, assim, de estar preparada. falo isso, pois, de certa forma, gosto de controlar:
controlar o presente e controlar o futuro.
controlar o que vai ser e o que será.
controlar a hora que vou te ver, e
controlar a hora, em que você vai me deixar.
gosto do controle. gosto da natureza. gosto de saber que tudo vai sair do que jeito que eu quero que seja.
gosto de te ter. e, a verdade é que, devido à falta da maldita certeza, tenho medo de te perder.